sexta-feira, 24 de junho de 2011

Orteguianas sobre a novela

Ortega y Gasset sobre a ação, na novela:

5) "Não na invenção de ações, mas na invenção de almas interessantes vejo eu o melhor porvir do gênero novelesco".

Gênero vagaroso:

6) "Não é o argumento o que nos agrada, não é a curiosidade por saber o que vai acontecer a fulano o que nos deleita. A prova disso está em que o argumenro de toda a novela se conta em muito poucas palavras. Então não nos interessa. (...) Necessitamos que o autor se detenha e nos faça dar voltas em torno de seus personagens. Então ficamos satisfeitos ao nos sentir impregnados e como que saturados deles e de seu ambiente, ao percebê-los como velhos amigos habituais, de quem sabemos tudo e ao apresentar-se nos revelam toda a riqueza de suas vidas. Por isso é a novela um gênero essencialmente retardatário - como dizia não sei se Goethe ou Novalis. Eu diria mais: hoje é e tem que ser um gênero vagaroso - exatamente o contrário , portanto, do conto, o folhetim e o melodrama." p.41-42

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ortega y Gasset: idéias sobre a novela

Compartilho em tradução livre do espanhol algumas notas sobre a arte da ficção em Ortega y Gasset, compiladas por Jose Edmundo Clemente em "Ortega y Gasset - Estetica de la Razón Vital" (Ediciones la Reja - Buenos Aires, junho de 1956, p. 39-40). No primeiro capítulo, idéias do filósofo madrilenho sobre como se faz uma novela. Preciosas.


1) "A arte é um fato que acontece em nossa alma ao ver um quadro ou ler um livro".

2) "Proust (...) se aproxima dos objetos mais do que o de costume. Ele foi o inventor de uma nova distância entre nós e as coisas. Esta simples reforma é de resultados (...) tão estupefaciantes que quase toda a produção literária toma um aspecto de literatura pela vista de pássaro toscamente panorâmica quando se a compara com esse gênio deliciosamente míope"

3) "Costuma-se acreditar que é a trama um dos grandes fatores estéticos da obra, e consequentemente se pedirá maior quantidade dela possível. Eu acredito, inversamente, que sendo a ação um elemento não mais que mecânico, é esteticamente peso morto e, portanto, deve ser reduzida ao mínimo. Mas frente a Proust, considero este mínimo imprescindível (...)"

4) "Em Proust, a morosidade e a lentidão chegam ao seu extremo e quase se convertem em uma série de planos estáticos, sem progresso nem tensão. Sua leitura nos convence de que ultrapassou a medida da lentidão conveniente. A trama fica quase anulada (...) A novela fica assim reduzida a pura descrição imóvel (...) sem ação concreta, que é, com efeito, essencial ao gênero. Notamos que lhe falta o esqueleto, a sustentação rígida e tensa que são os arames no guarda-chuvas (...) Por esta razão, ainda que a trama ou a ação possua um papel mínimo na novela atual, na novela possível não cabe eliminá-la por completo, pois conserva a função, certamente não mais que mecânica, do fio no colar de pérolas, dos arames no guarda-chuvas, das estacas nas barracas de campanha."

domingo, 12 de junho de 2011

Entrevista na Conferência Cultura para o RS Crescer

Entrevista realizada durante a Conferência Estadual de Cultura RS em Santa Maria - dias 29 e 30 de abril de 2011 - Cultura para o Rio Grande Crescer. Sobre a adesão do Rio Grande do Sul ao Sistema Nacional de Cultura.